sexta-feira, 7 de março de 2008

bom para...


A Vivis encaminhou um e-mail para mim (que o Edgard tinha encaminhado para ela, que não sei quem tinha encaminhado para ele...) que mostra uma imagem que merece ser comentada aqui no DESPIROGRÁFICO. Trata-se de uma coleção de um tipo peculiar de peça gráfica que eu nem sei o nome... (anexos de cheque?). Enfim, verdadeiras preciosidades gráficas do nosso brasilis!

O único texto que acompanha a imagem diz o seguinte: "Um estagiário do Banrisul que trabalha no setor de cheques, começou a colecionar os 'papéis' que vem anexados aos (cheques) pré-datados".

Vivis comenta:

Recebi esta imagem via e-mail. Uma das coisas mais legais que já recebi! O Edgard me manda essas coisas porque sabe que eu gosto. Sou a primeira a criticar a micreragem, o "design família", se é que podemos falar que é design... Isso é uma discussão longa, que exige um baita tempo que, como sempre, não tenho agora.

A questão é: o Brasil tem sua cara sim. Eu acho que em nenhum outro lugar do mundo a gente acha tanto bom-humor assim. Sexo, HQ´s, tudo junto. As frases são ótimas, e junto com os power clips fica bem melhor. Essa imagem me fez lembrar o livro "Memórias Tipográficas", de Bruno Porto. Lembro que vi este livro primeira vez na Bienal do DG e fiquei doida pra sair fotografando as coisas do Brasil, das ruas, a nossa linda "tosqueira"... eu gosto muito! Me aproveitar de uma certa "beleza" no descaso com a nossa profissão? Bah... tô ficando confusa agora... Só sei que este tipo de coisa tá na nossa veia, e nunca esteve tão em alta para todo mundo ver. Dar valor? Criticar?

Bem, nada como um papel coloridinho, de resma baratinha, com uma impressão feita em gráfica rápida e uma tipologia horrorosamente popular. É o charme, e eu gosto!

vivis


Dan comenta:

Nosso lema aqui no DESPIROGRÁFICO é: "conectando as diversas expressões visuais do cotidiano" e pra mim, essa compilação de papeis que vão anexados aos cheques pré-datados é o exemplo perfeito disso!

Há muita espontaneidade nessas peças gráficas, um jeito malandro de resolver graficamente algo que nem é oficialmente válido. Pois, apesar que ser pratica recorrente, pré-datar um cheque não é um procedimento contratual... não que seja ilegal, mas que é simplesmente um acordo 'de boca' entre comprador e prestador de serviço. Ninguém pode assinar um cheque com uma data futura (isso sim é errado) e ninguém é obrigado a segurar um cheque... mas em tempos de concorrência e pra garantir a venda, o pré-datado se tornou prática uma social à margem das regras de transações financeiras e um dos principais meios de parcelamento de compras.

O que eu quero dizer com isso? Que socialmente as coisas não funcionam dentro de regras absolutistas, mas dentro de usos e negociações de poder. Que é a pratica cotidiana que vai moldando e modificando o que antes tinha sido projetado para determinado enfim...

O que nós designers podemos aprender com isso??? Que o Design não é uma instituição que controla a produção gráfica e por isso, sendo ou não designer, qualquer pessoa pode chegar em uma gráfica e 'rodar' uma peça gráfica. O Design é, na minha opinião, uma divisão do trabalho; uma série de procedimentos históricamente vinculados à modernidade industrial, que se traduzem em uma prática. Por isso, brigar com essa tal 'entidade' chamada micreiro é esquecer que a disputa deve ocorrer no campo da prática e do resultado criativo e não da produção... Não tô dizendo que não há disputa, nem tô dizendo que é justa, só acho que a produção gráfica não pertence ao Design, mas sim, ao setor gráfico... o designer designa, é um prestador de serviço que se diferencia pela formação ou bagagem de conhecimento, mas que não detém a exclusividade desse tipo de prestação de serviço porque isso não é regulamentado por lei - falta jurisprudência!!! (putz, criei polêmica...)

Mais uma coisa. Registrar esse tipo de expressão gráfica, tão inusitada, tão espontânea e tão adequada ao seu meio social é uma tarefa que nós deveríamos nos prestar a fazer. Afinal, a história não é feita só de papéis especiais e impressão bem sobreposta....

danpiantino

Um comentário:

Anita disse...

isso me faz lembrar a nossa experiência do ônibus errado.Eu já me perdi,peguei vários ônibus,errados, trens e até avião na minha útima viagem e que tudo isso serve para que tenhamos contato com este tipo de imagem que pra nós designers é muito importante,são sempre referências das quais não esquecemos, mesmo senão registradas,logo mais colocarei aqui algumas que registrei por aí!
Essas mensagens colocadas nos cheques realmente são peculiares e intessantes!
Adorei!

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